Oficialização da União Estável: Requisitos, Vantagens e Procedimentos
Criado em: 05 de maio de 2018
Atualizado em: 22 de outubro de 2024
A união estável é uma forma de relacionamento reconhecida legalmente no Brasil, regida pelos artigos 1.723 a 1.727 do Código Civil.
Essa relação de convivência entre duas pessoas, com o objetivo de constituir uma família, não possui um prazo mínimo de duração e não exige necessariamente que os parceiros compartilhem o mesmo domicílio.
Neste artigo, exploraremos em detalhes como oficializar uma união estável, os requisitos necessários, vantagens desse reconhecimento legal e os procedimentos envolvidos
1. Formas de Oficialização da União Estável
Existem três maneiras de oficializar uma união estável:
1 Declaração Pública
A declaração pública, também conhecida como certidão pública de união estável, é um método popular de oficialização. Para obtê-la, os parceiros devem comparecer a um Cartório de Notas, onde um tabelião oficializará a união. As principais características deste método incluem:
Condições definidas pelos cônjuges, como o regime de comunhão de bens, especificação dos bens de cada um e a data de início da união.
Não é necessário que ambos os parceiros estejam presentes no momento da declaração; um procurador pode representar um ou ambos os cônjuges.
Documentação necessária inclui documentos de identidade originais, CPF das partes, comprovantes de endereço e certidão de Estado Civil emitida em até 90 dias (certidão de nascimento ou casamento).
2 Contrato Particular
O contrato particular de união estável é uma alternativa menos comum, mas igualmente válida. Nesse caso, os próprios cônjuges elaboram um contrato que estabelece as condições da união, como regime de bens e outras regras e obrigações. Após a criação do contrato, ele deve ser registrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos, conferindo publicidade à união perante terceiros.
3 Provas Judiciais
Em casos em que é necessário comprovar a existência da união estável judicialmente, é possível recorrer a provas, como depoimentos de testemunhas e evidências documentais. No entanto, essa abordagem tende a ser mais complexa e incerta do que as duas formas de oficialização mencionadas anteriormente.
2. Requisitos para a Oficialização da União Estável
Independentemente do método escolhido para oficializar a união estável, alguns requisitos devem ser atendidos, sendo considerados como impedidos o seguinte:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Não pode haver impedimentos matrimoniais entre os parceiros, de acordo com o artigo 1.521 do Código Civil. Isso inclui parentesco natural ou civil, afinidade em linha reta, adotante com ex-cônjuge do adotado, entre outros.
Caso a oficialização seja feita por contrato particular, a firma do casal e de pelo menos duas testemunhas maiores e capazes deve ser reconhecida.
3. Conversão da União Estável em Casamento Civil
Tanto a Constituição (artigo 226) quanto o Código Civil (artigo 1.726) estipulam que é um direito do casal converter a união estável em casamento. Esse processo de conversão representa uma etapa importante na jornada de muitos casais, uma vez que pode simbolizar o comprometimento e a formalização de sua relação perante a sociedade e a lei. Abaixo, detalhamos esse processo com informações adicionais e considerações relevantes.
Motivos para a Conversão
A decisão de converter uma união estável em casamento pode ser motivada por diversos fatores:
Reconhecimento Social: O casamento é frequentemente visto como um símbolo mais forte de compromisso e é amplamente reconhecido socialmente.
Benefícios Legais: Em alguns casos, o casamento pode proporcionar benefícios legais adicionais, como a possibilidade de inclusão do cônjuge em planos de saúde empresariais ou previdência social.
Aspectos Culturais e Religiosos: Algumas pessoas escolhem o casamento por razões culturais ou religiosas, desejando uma cerimônia que reflita suas crenças e tradições.
Procedimento para a Conversão
O procedimento para converter uma união estável em casamento é relativamente simples:
Solicitação: Os parceiros devem formalizar o pedido em um Cartório de Registro Civil. É recomendável agendar uma data e hora com antecedência.
Documentação Necessária: Os casais devem apresentar a documentação requerida, que geralmente inclui documentos de identidade originais, CPF das partes e certidão de Estado Civil emitida em até 90 dias (certidão de nascimento ou casamento).
Presença de Testemunhas: É necessário estar acompanhado por duas testemunhas maiores e capazes no momento da conversão.
Cerimônia: O casal pode optar por realizar uma cerimônia mais simples no cartório ou uma cerimônia religiosa ou civil separada em outro local, seguida pela celebração no cartório.
Registro: Após a cerimônia, o casamento é registrado no Cartório de Registro Civil, gerando um novo registro oficial.
Efeito Legal da Conversão
A conversão da união estável em casamento confere aos cônjuges os mesmos direitos e deveres que um casamento civil tradicional. Isso inclui direitos de herança, pensão por morte, seguro social e todos os outros benefícios legais associados ao casamento. Além disso, o casal também se compromete com as obrigações legais do casamento, como a fidelidade e o dever de sustento mútuo.
4. Principais Motivos para Oficializar a União Estável
A oficialização da união estável oferece várias vantagens e benefícios aos cônjuges:
Definição do Início da Convivência
A escritura pública ou contrato particular permite que o casal tenha uma prova da data de início da união estável, o que é útil em eventuais disputas legais.
Escolha do Regime de Bens
Os cônjuges têm a liberdade de escolher o regime de bens que melhor atenda às suas necessidades, seja comunhão parcial, comunhão universal, separação de bens ou participação final nos aquestos.
Direito à Herança
O companheiro ou companheira é considerado sucessor do outro, conforme o artigo 1.790 do Código Civil, garantindo direitos à herança.
Inclusão em Planos de Saúde
A união estável facilita a inclusão do parceiro ou parceira em planos de saúde, odontológicos e clubes, sem burocracia excessiva.
Levantamento Integral do Seguro DPVAT
Em caso de acidente, o companheiro do acidentado tem o direito de levantar integralmente o valor do seguro DPVAT.
Recebimento de Pensão do INSS
Facilita o recebimento de pensão do INSS em caso de falecimento do companheiro, comprovando a convivência.
Proteção em Uniões Homoafetivas
A oficialização da união estável oferece segurança e proteção patrimonial em uniões entre pessoas do mesmo sexo, e sua conversão em casamento é facilitada.
5. Como Desfazer uma União Estável
Já a dissolução de uma união estável pode ocorrer de duas maneiras: extrajudicialmente ou judicialmente.
Dissolução Extrajudicial
A dissolução extrajudicial pode ser realizada diretamente por meio de uma Declaração de Dissolução de União Estável, sem a necessidade de ação judicial. Para que seja possível, o casal deve concordar com a separação e não ter filhos menores ou incapazes.
Dissolução Judicial
Caso a dissolução seja litigiosa ou as partes não concordem com os termos da separação, o judiciário será responsável por declarar o fim da união estável por meio de uma ação judicial.
Referências Legais
Lei Federal nº 10.406 - Código Civil.
Lei Federal nº 9.278 - Dispõe sobre a união estável.
Gustavo Falcão
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